Em 2020 e 2021, a Covid-19 matou mais que o triplo de crianças de 6 meses a 3 anos que a soma de todas as mortes nessa faixa etária ao longo da última década por doenças que podem matar e são preveníveis por vacinas.
Os dados foram
levantados pelo Observatório de Saúde na Infância - Observa Infância
(Fiocruz/Unifase) a partir do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
Para a análise, os pesquisadores Patricia Boccolini e Cristiano Boccolini consideraram a Lista Brasileira de Mortes Evitáveis para menores de 5 anos.
Formulada por especialistas de diversas áreas ligadas à saúde infantil e
coordenada pelo Ministério da Saúde, a lista inclui 14 doenças com desfecho
fatal prevenível por imunização: neurotuberculose, tuberculose miliar, tétano
neonatal, tétano, difteria, coqueluche, poliomielite, sarampo, rubéola,
hepatite B, caxumba, rubéola congênita, hepatite viral congênita e meningite
meningocócica do tipo B.
Entre 2012 e 2021 o Brasil registrou 144 óbitos de crianças de 6 meses a 3 anos como resultado de doenças dessa lista, apesar de algumas delas não terem causado nenhuma morte infantil.
É o caso da poliomielite, erradicada desde 1994 no país. Já a Covid-19, em um período de dois anos, matou 539 crianças nessa faixa etária.
Ainda sem perspectiva de vacinação no Brasil, crianças de 6 meses a 3
anos representam cerca de duas em cada cinco menores de 5 anos que morreram com
Covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia.
Observa
Infância
O Observa Infância é uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade informações sobre a saúde de crianças de até 5 anos.
O objetivo é ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre dados obtidos junto a sistemas de informação nacionais.
As evidências científicas trabalhadas são resultado de investigações desenvolvidas pelos pesquisadores Patricia e Cristiano Boccolini no âmbito do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.
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