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Surto de malária em Itabela: Saiba tudo sobre essa doença!





No dia 07 desse mês, técnicos da Sesab, da Secretaria Municipal de Saúde de Itabela e equipes do Ministério da Saúde participaram de uma reunião para avaliar as medidas tomadas para o controle da malária na região.


A principal medida adotada pelo comitê de monitoramento da doença foi a busca ativa dos casos, que consiste na entrevista e cadastro de pessoas do assentamento e municípios vizinhos à Itabela, que apresentaram sintomas, e na coleta de amostras de sangue para fazer o exame.


Além disso, técnicos estão analisando mosquitos capturados durante a noite no assentamento, para identificar a espécie que tem causado o surto. Também foram distribuídos mosquiteiros e estão sendo feitas reuniões para alertar os moradores quanto às formas de prevenção e tratamento.


O comitê já solicitou ao Ministério da Saúde um inseticida específico para eliminar o mosquito transmissor da malária. Porém, ainda não há previsão de quando o produto será enviado.


O que é malária?


A malária é uma doença infecciosa, febril, potencialmente grave, causada pelo parasita do gênero Plasmodium, transmitido ao homem, na maioria das vezes pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados. No entanto, também pode ser transmitida pelo compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo da mãe para feto, na gravidez.


Quais são os agentes causadores da malária?


No Brasil existem três espécies de Plasmodium que afetam o ser humano: P. falciparum, P. vivax e P. malariae. O mais agressivo é o P. falciparum, que se multiplica rapidamente na corrente sanguínea, destruindo de 2% a 25% do total de hemácias (glóbulos vermelhos) e provocando um quadro de anemia grave. Além disso, os glóbulos vermelhos parasitados pelo P. falciparum sofrem alterações em sua estrutura que os tornam mais adesivos entre si e às paredes dos vasos sanguíneos, causando pequenos coágulos que podem gerar problemas como tromboses e embolias em diversos órgãos do corpo. Porisso, a malária por P. falciparum é considerada uma emergência médica e o seu tratamento deve ser iniciado nas primeiras 24h do início da febre.


Já o P. Vivax, de modo geral, causa um tipo de malária mais branda, que não atinge mais do que 1% das hemácias, e é raramente mortal. No entanto, seu tratamento pode ser mais complicado, já que o P. vivax se aloja por mais tempo no fígado, dificultando sua eliminação. Alem disso, pode haver diminuição do número de plaquetas (plaquetopenia), o que poderia confundir esta infecção com outra doença bastante comum, a Dengue, retardando o diagnóstico.


A doença provocada pela espécie P. malariae possui quadro clínico bem semelhante ao da malária causada pelo P. vivax. É possível que a pessoa acometida por este parasita tenha recaídas a longo prazo, podendo desenvolver a doença novamente anos mais tarde.


Quais são os sintomas da malária?


Após a picada do mosquito transmissor, o P. falciparum permanece incubado no corpo do indivíduo infectado por pelo menos uma semana. A seguir, surge um quadro clínico variável, que inclui calafrios, febre alta (no início, contínua, e depois com frequência de três em três dias), sudorese e dor de cabeça. Podem ocorrer também dor muscular, taquicardia, aumento do baço e, por vezes, delírios. No caso de infecção por P. falciparum, também existe uma chance em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença. Na malária cerebral, além da febre, pode aparecer dor de cabeça, ligeira rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões, vômitos, podendo o paciente chegar ao coma.


Se o agente causador da malária for da espécie P. vivax os sintomas incluem mal-estar, calafrios, febre inicialmente diária (com o tempo, a febre apresenta um padrão de intervalo a cada dois dias), seguida de suor intenso e prostração. O quadro clínico da infecção por P. malariae é bem semelhante, mas geralmente com febre mais baixa que se repete a cada três dias.


Como é o diagnóstico para a malária?


A principal causa de morte por malária é o diagnóstico tardio e a falta de profissionais familiarizados com o quadro da doença fora da região endêmica. No Brasil, por exemplo, ocorrem cem vezes mais óbitos nas áreas fora da Região Amazônica do que na região endêmica propriamente.


A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o diagnóstico dos pacientes com suspeita de malária se dê por meio de exames parasitológicos por microscopia ou de testes rápidos. O diagnóstico precoce é essencial para o bom prognóstico do paciente.



Qual o tratamento para malária?


O tratamento da malária visa eliminar o mais rapidamente possível o parasita da corrente sanguínea do indivíduo e deve ser iniciado o mais rapidamente possível. O tratamento imediato com antimalárico – até 24h após o início da febre – é fundamental para prevenir as complicações. Se o teste de diagnóstico não estiver acessível nas primeiras duas horas de atendimento, o tratamento com antimaláricos deve ser administrado com base no quadro clínico e epidemiológico do paciente.


A OMS recomenda combinações terapêuticas à base de artemisinina (ACTs) para o tratamento da malária causada pelo parasita P. falciparum. A combinação de dois ingredientes ativos com diferentes mecanismos de ação faz das ACTs o antimalárico disponível mais eficaz.


A artemisinina e os seus derivados não podem ser utilizados como monoterapia oral. Formulações de dose fixa (combinação de dois ingredientes ativos diferentes em um único comprimido) são mais recomendadas do que o uso de vários comprimidos ou cápsulas, uma vez que facilitam a adesão ao tratamento.


Infecções por P. vivax devem ser tratadas com cloroquina em áreas onde o medicamento ainda é eficaz, como a maior parte do Brasil, associado à primaquina para a eliminação das formas hepáticas latentes. Em áreas resistentes à cloroquina, deve ser utilizado um ACT, combinado a outro de meia-vida longa.


O tratamento para quadros graves de malária consiste na administração de artesunato injetável (intramuscular ou intravenosa), seguido de um tratamento à base de ACTs assim que o paciente estiver apto a tomar medicamentos orais. Na impossibilidade de tratamento injetável, o paciente deve receber imediatamente artesunato via intra-rectal e ser encaminhado o mais rapidamente possível para um local adequado para o tratamento parenteral completo.


A OMS recomenda que os programas nacionais de controle da malária acompanhem com regularidade a eficácia dos medicamentos antimaláricos.


Como se prevenir da malária?


A prevenção da malária consiste no controle/eliminação do mosquito transmissor e pode se dar por meio de medidas individuais, com uso de mosquiteiros impregnados ou não com inseticidas, roupas que protejam pernas e braços, telas em portas e janelas, repelentes. Medidas coletivas incluem drenagem de coleções de água, pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor, aterro, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, melhoramento da moradia e das condições de trabalho, uso racional da terra.


Programas coletivos de quimioprofilaxia não têm sido adotados devido à resistência do P. falciparum à cloroquina e a outros antimaláricos e à toxicidade e custo mais elevado de novas drogas. Porém, em situações especiais, como missões militares, diplomáticas, viagens de turismo e outras, em que haja deslocamento para áreas maláricas dos continentes africano e asiático, recomenda-se entrar antecipadamente, (idealmente um mês antes da viagem), em contato com os setores responsáveis pelo controle da malária, nas secretarias municipais e estaduais de saúde, e do Ministério da Saúde onde é ofertado serviço de aconselhamento médico a viajantes.


Ao identificar algum desses sintomas, procure o Postinho mais próximo!

Rômulo Rangel








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