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Parasitoses intestinais são doenças causadas por vermes e protozoários, como por exemplo, lombrigas, caseiras, amebas e giárdia.
A contaminação se dá de várias formas, sendo que a principal é a ingestão de alimentos ou água contaminada e através da pele por ferimentos pequenos.
Seja pela ausência ou precariedade de saneamento básico, seja por questões que envolvam os cuidados com higiene individual ou de instalações (reservatórios para água e meios de preparo/ conservação dos alimentos), tudo aquilo que ingerimos pode estar contaminado por microorganismos e causar doenças.
É importante destacar o fato de que o número de casos dessas doenças é sempre bem maior nas áreas de baixas condições sócio-econômicas e carência de saneamento básico, incluindo-se o tratamento da água, do esgoto, do lixo e o controle de vetores, particularmente moscas, ratos e baratas.
Sintomas:
De modo geral, a maioria das pessoas infectadas apresentam quadro de dor abdominal, cólicas, náuseas, vômitos, diarréias, perda de peso, anemia, febre e sintomas respiratórios.
O tratamento é feito com medicamentos antiparasitários específicos após a identificação do agente causador.
Tipos de vermes
Platelmintos (vermes chatos)
- Exemplos: tênia (Taenia solium) e esquistossomo (Schistosoma mansoni).
- Características: Possuem corpo achatado e segmentado.
- Ciclo de vida: Podem ter ciclos de vida complexos, envolvendo hospedeiros intermediários, como animais ou caramujos de água doce.
- Infecção em humanos: Geralmente ocorre por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados ou pelo contato com águas infestadas por larvas do parasita.
Nematelmintos (vermes cilíndricos)
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- Exemplos: verme da lombriga (Ascaris lumbricoides) e verme do ancilóstomo (Necator americanus).
- Características: Possuem corpo cilíndrico e não segmentado.
- Ciclo de vida: Podem ter ciclos de vida diretos, sem a necessidade de hospedeiros intermediários.
- Infecção em humanos: Geralmente ocorre pela ingestão de ovos do parasita presentes em alimentos ou água contaminados ou pela penetração das larvas através da pele em contato com solo contaminado.
Principais doenças causadas pelos vermes
Ascaridíase
- Sintomas: Dor abdominal, diarreia, perda de peso, falta de apetite, tosse, febre (em casos mais graves).
- Parasita: Ascaris lumbricoides.
- Diagnóstico: Exame de fezes para identificação dos ovos do parasita.
- Tratamento: Albendazol 400mg, via oral em dose única para adultos. Em crianças, 10mg/kg dose única. Distribuído na rede pública mediante receita.
- Profilaxia: Higiene adequada das mãos, ingestão de água potável e alimentos devidamente higienizados.
Ancilostomose
- Sintomas: Anemia, fadiga, fraqueza, dor abdominal, diarreia, perda de peso, irritação cutânea.
- Parasita: Ancilostomídeos (Ancylostoma duodenale e Necator americanus).
- Diagnóstico: Exame de fezes para identificação dos ovos do parasita.
- Tratamento: Mebendazol 100mg, duas vezes ao dia por três dias consecutivos. Não recomendado para gestantes. Procure o Posto de Saúde mais próximo.
- Profilaxia: Higiene adequada das mãos, uso de calçados em áreas de solo contaminado, tratamento de áreas infectadas no solo.
Filariose
- Sintomas: Inchaço dos membros (elefantíase), febre, dor nas articulações, mal-estar geral.
- Parasita: Filárias (Wuchereria bancrofti, Brugia malayi, Brugia timori).
- Diagnóstico: Exame de sangue para detecção de microfilárias do parasita.
- Tratamento: Dietilcarbamazina, 6mg/kg/dia, via oral por 12 dias. Caso apresente sintomas, procure o Posto de Saúde mais próximo!
- Profilaxia: Controle do vetor (mosquito), uso de medidas de proteção individual contra picadas de mosquitos.
Esquistossomose
- Sintomas: Febre, calafrios, tosse, diarreia, dor abdominal, hepatomegalia (aumento do fígado), esplenomegalia (aumento do baço).
- Parasita: Schistosoma mansoni, Schistosoma japonicum, Schistosoma haematobium.
- Diagnóstico: Exame de fezes ou urina para identificação dos ovos do parasita.
- Tratamento: Praziquantel 600mg, é administrado por via oral, em dose única de 50mg/kg de peso para adultos e 60mg/kg de peso para crianças. O medicamento é distribuído na rede pública mediante receita e notificação.
- Profilaxia: Melhoria das condições de saneamento básico, controle do vetor (caramujos), evitar contato com água contaminada.
Giardíase
- Sintomas: Diarreia, dor abdominal, flatulência, náuseas, perda de peso, fadiga.
- Parasita: Giardia lamblia.
- Diagnóstico: Exame de fezes para identificação dos cistos ou trofozoítos do parasita.
- Tratamento: Secnidazol 2g, via oral, dose única para adultos. Para crianças, 30mg/kg, dose única, tomada após uma refeição. Caso apresente sintomas, procure o Posto de Saúde mais próximo.
- Profilaxia: Higiene adequada das mãos, ingestão de água filtrada
Oxiuríase
- Sintomas: Coceira intensa na região anal, especialmente à noite, irritação na pele ao redor do ânus, dificuldade para dormir.
- Parasita: Enterobius vermicularis (verme-oxiúro).
- Diagnóstico: O diagnóstico geralmente é feito através da identificação dos ovos do parasita em exames de fita adesiva aplicada na região anal.
- Tratamento: Albendazol 400mg, via oral, dose única. Caso apresente sintomas, procure o Posto de Saúde mais próximo.
- Profilaxia: Higiene adequada das mãos, especialmente após usar o banheiro, manter as unhas curtas e limpas, lavar roupas de cama e roupas íntimas regularmente.
Cisticercose
- Sintomas: Os sintomas variam dependendo da localização das larvas na pessoa infectada e podem incluir convulsões, dores de cabeça, náuseas, problemas de visão e alterações neurológicas.
- Parasita: Taenia solium (tênia).
- Diagnóstico: O diagnóstico pode ser feito através de exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM), além de exames de sangue específicos.
- Tratamento: O tratamento envolve o uso de medicamentos antiparasitários como o Albendazol 400mg/dia, por três dias e, em alguns casos, pode ser necessária a intervenção cirúrgica para remover cistos. Procure um profissional qualificado.
- Profilaxia: Medidas de higiene adequadas, como lavar as mãos antes das refeições e após o uso do banheiro, evitar o consumo de carne de porco crua ou mal cozida e tratamento adequado dos indivíduos infectados e dos animais.
Teníase
- Sintomas: Geralmente assintomática. Em casos mais graves, pode ocorrer dor abdominal, náuseas, vômitos, perda de peso e diarreia.
- Parasita: Taenia solium (tênia) ou Taenia saginata (tênia do boi).
- Diagnóstico: O diagnóstico é feito através da identificação dos proglotes (segmentos) do parasita nas fezes do indivíduo infectado.
- Tratamento: Albendazol 400mg/dia, por três dias. Procure atendimento profissional.
- Profilaxia: Medidas de higiene adequadas, como lavar as mãos antes das refeições e após o uso do banheiro, evitar o consumo de carne crua ou mal cozida, inspeção adequada dos alimentos e tratamento adequado dos indivíduos infectados.
Prevenção:
A prevenção das parasitoses exige medidas simples, mas é preciso que se crie o hábito de executá-las rotineiramente.
As principais são:
· lavar as mãos antes das refeições, antes de manipular e preparar alimentos, antes do cuidado de crianças e após ir ao banheiro ou trocar fraldas;
· andar sempre com os pés calçados;
· cozinhar bem os alimentos. Carnes somente bem passadas;
· lavar com água potável os alimentos que serão consumidos crus e se possível deixe-os de molho por 30 minutos em água com hipoclorito de sódio a 2,5%. Você consegue este produto gratuitamente no Posto de Saúde;
· beber somente água filtrada ou fervida;
manter limpa a casa e terreno ao redor, evitando a presença de insetos e ratos;
· conservar as mãos sempre limpas, as unhas aparadas, evitar colocar a mão na boca e não deixar as crianças brincarem em terrenos baldios, com lixo ou água poluída.
Do ponto de vista da comunidade, a prevenção se faz através de:
· educação para a saúde;
· proibição do uso de fezes humanas para adubo;
· saneamento básico a toda população;
· condições de moradia compatíveis com uma vida saudável.
Curiosidades:
Euphorbia mili é uma planta ornamental amplamente disseminada no Brasil e conhecida como coroa-de-cristo. O estudo químico do látex dessa espécie forneceu o mais potente produto natural moluscicida, a miliamina L.
Devido às propriedades moluscicidas do látex, é possível controlar doenças transmitidas por moluscos vetores.
Entre essas doenças, destaca-se a esquistossomose, na qual o parasita Schistosoma mansoni se aloja nos caramujos do gênero Biomphalaria, que atuam como vetores da doença.
A capacidade do látex em combater esses moluscos torna-se uma ferramenta eficaz no controle da disseminação da esquistossomose.
A esquistossomose é uma doença parasitária considerada grave, por ser a que mais causa morte em humanos dentre as causadas por organismos multicelulares. Uma forma de se combater essa doença é o controle biológico pelo uso de peixes como o tambaqui.
O tambaqui, entre outros peixes, possui uma dieta composta por pequenos moluscos. Isso faz com que ele possa ser utilizado como uma forma de controle biológico em lagos e represas que abrigam populações de caramujos, especialmente do gênero Biomphalaria, que são vetores responsáveis pela transmissão da esquistossomose.
Esses peixes atuam como predadores naturais dos caramujos, auxiliando na redução da população desses organismos e, consequentemente, na diminuição do risco de transmissão da doença.
Essa abordagem baseada no controle biológico mostra-se uma estratégia promissora para o manejo da esquistossomose em ambientes aquáticos.
Se atente! Ao perceber os sintomas, procure o Postinho de saúde mais próximo da sua casa, faça exames periodicamente e, se necessário, faça uso de antiparasitários!
Tema de muita relevância.
ResponderExcluirOlá Sandra, obrigado pela devolutiva!
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